Blog “Dr. Silva Mello” Guarapari-ES: 26/05/10

Interdição - Polivalente

A Gazeta

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/02/769812-giro+capixaba.html

"Guarapari"

Polivalente funcionará em outro localOs 1,2 mil alunos da Escola Estadual Dr. Silva Mello, conhecida como Polivalente, no bairro Itapebussu, em Guarapari, passarão a estudar em um outro prédio, a 2km de distância. A unidade foi fechada por problemas na estrutura, que colocavam em risco a integridade física de estudantes e professores. O Ministério Público Estadual (MPES) entrou com uma ação civil pública, em dezembro, pedindo a interdição do local. Mas, antes que a ação fosse julgada, a própria Secretaria Estadual de Educação (Sedu) fechou a escola para reforma e alugou um novo prédio, por dois anos. As aulas - que deviam ter começado na última segunda-feira - só serão retomadas no próximo dia 14, e as horas perdidas serão repostas durante a semana, no contraturno e em um sábado. O Polivalente será totalmente reconstruído, com previsão de custo de R$ 8 milhões, mas não há previsão para início das obras.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Grêmio Estudantil


Grêmio Estudantil hoje:

Um dos grandes estragos causados pela ditadura foi a desmobilização do movimento estudantil. Os Grêmios Estudantis representavam uma ameaça constante para os defensores do atraso, da ferrugem. Tanto os civis, quanto os militares. Esses civis estão presentes ainda hoje. São os “militares” frustrados, porque nunca usaram fardas, mas eternamente aptos a “colaborar”. Saudosistas da bota, eles estão em toda parte, inclusive na direção das escolas públicas. “São os destroços da ditadura”, como assim falou: Wlysses Guimarães. Daí, a grande baixa e a grande “vitória” do militarismo: “cortar o mal pela raiz.” Quantos políticos nesse País passaram pelos grêmios? Políticos idealistas, disciplinados, calcados nos princípios básicos da Democracia. Sonhadores de um futuro melhor para a Educação e para o Brasil.

Os estudantes ATUAIS se ressentem dessa condição de órfãos, até a presente data.

Hoje, os grêmios não são mais os mesmos. Estão timidamente de volta às escolas públicas, mas muito diferente. Uma situação delicada e preocupante, na medida em que os demais estudantes que compõem a escola, não se sentem representados pelos colegas gremistas. Não têm noção do que significa um Grêmio. Eles não se sentem protegidos por aqueles que estariam ali historicamente para representá-los. Observam por exemplo, a intimidade, a relação de cumplicidade entre:
Grêmio/Direção da Escola. Essa situação coloca os alunos com “uma pulga atrás da orelha”.
A cartilha parece ser outra, aquela que ensina a defender e a comer na mão do patrão.

É necessário ensinar às nossas crianças e jovens não apenas a ler e a escrever, mas a olhar o mundo a partir de novas perspectivas. Ensinar a ouvir, falar e escutar, a desenvolver atitudes de solidariedade, a aprender a dizer não ao consumismo imposto pela mídia, a dizer não ao individualismo e sim à paz. A meu ver, isso só se dará quando formos, nós mesmos, capazes de ouvir e falar.
Educar para a cidadania é adotar uma postura, é fazer escolhas. É despertar para as consciências dos direitos e deveres, é lutar pela justiça e não servir a interesses seculares. É uma urgência que grita e que deveria ecoar nos corações humanos – e não nos alarmes das propriedades que tentam proteger a vergonha do que a civilização humana construiu. A escola não pode ser a "fábrica" a prestar o serviço de reprodução do quadro nefasto que está por aí rondando o sistema partidário. Acredito que educar para a nova cidadania é a utopia dos que têm na educação a sua trincheira, mas talvez isso só seja possível quando a utopia for assumida por todos e, assim, possamos fazer um projeto de escola que valorize a pessoa humana, a dignidade necessária para todos.
Para alcançarmos isso, não podemos ficar somente no ensinar para a cidadania. É preciso construir o espaço de se educar na cidadania. E nesse sentido não é somente a preposição que muda. Muda a postura da direção, dos funcionários e principalmente do professor que se posiciona na luta. Que recupera a figura importante – que é – na formação de uma sociedade mais justa. Que saiba que ser cidadão é alcançar a dimensão política do homem, que ser cidadão é condição fundamental para exercermos nossa humanidade.
E isso não se alcança sem um posicionamento claro e atuante. Posicionamento que deve ser exposto tanto na sala de aula, como reflexo de um planejamento sério e comprometido, como também nas conversas com os colegas durante os intervalos. Nas reuniões das entidades que decidem por nós e decidem com quóruns baixíssimos. É conjugar nossos direitos e fazer com que aconteçam, com que se ampliem, e que isso possa ser pensado não a partir dos benefícios individuais, mas também no bem-comum de toda a comunidade. E, a partir desse exercício, talvez possamos aprender a deixar os jovens se organizar de forma realmente democrática, e assim os grêmios deixem de ser recreativos e reprodutores de formas desgastadas de fazer política e possam se reinventar.
Vou me encaminhando para uma conclusão, pois sei que dei voltas e talvez tenha me perdido em algum desabafo.

Minha análise partiu da minha não-formação política, resultante do contexto histórico brasileiro no qual passei a maior parte de minha vida escolar para o reconhecimento da ausência de uma formação política mais ampla e consciente relevante para que a mobilização estudantil aconteça e possa atingir os alunos do Ensino Médio com 15, 16, 17, 18 anos.

É função da escola promover ações e situações e criar um ambiente favorável para que os grêmios se formem e exerçam seu papel. As vozes juvenis precisam ser ouvidas nos conselhos de classe. Os alunos precisam aprender a se organizar e a exigir de nós, professores, diretores de escola, representantes do poder público, o que lhes é de direito. Desde 1985, voltaram a permitir a organização dos grêmios. Às vezes acho que, na maioria das escolas, esse processo ainda nem começou, e tenho receio que demore a começar.

Listo aqui algumas propostas de atividades que podem ser desenvolvidas na escola com o objetivo de incentivar, estimular, despertar o interesse e a consciência dos alunos para a importância do movimento estudantil.
• Dar espaço para as eleições acontecerem, mas antes possibilitar aos alunos informações que os ajudem a escolher a forma de participação que queiram, que considerem melhor, seja ela a formação de chapas ou autogestão, por exemplo.
• Convidar pessoas – pesquisadores, estudiosos do movimento estudantil – para dar palestras na escola.
• Propor aos alunos que façam entrevistas com antigos líderes ou participantes desses movimentos.
• Exibir vídeos e filmes.
• Estimular a pesquisa sobre a história do movimento e sobre a legislação.
• Montar peças de teatro.
• Projeto de estação de rádio.
• Projeto de jornal do grêmio.
Enfim, a livre organização dos estudantes é interesse maior de todos na escola. Diretor, professor, alunos, pais, funcionários. A escola é de interesse público. Se a “ficha não cair” em toda a comunidade escolar, vamos continuar patinando e reforçando preconceitos como o de que os alunos “não querem estudar”. O grêmio é talvez o primeiro passo para que eles possam se conscientizar para defender o que é nosso e começar a entender que a escola tem tudo a ver com o país.




Introdução
O que é o Grêmio Estudantil?
O Grêmio é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade.
O Grêmio é também um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos.

Objetivos
Por isso, é importante deixar claro que um de seus principais objetivos é contribuir para aumentar a participação dos alunos nas atividades de sua escola, organizando campeonatos, palestras, projetos e discussões, fazendo com que eles tenham voz ativa e participem – junto com pais, funcionários, professores, coordenadores e diretores –da programação e da construção das regras dentro da escola.
Para resumir: um Grêmio Estudantil pode fazer muitas coisas, desde organizar festas nos finais de semana até exigir melhorias na qualidade do ensino. Ele tem o potencial de integrar mais os alunos entre si, com toda a escola e com a comunidade.

Obrigada pela atenção.